É uma doença que integra o grupo das ectasiascorneanas, e se caracteriza por uma alteração na curvatura da córnea. A córnea assume um formato de cone (do Grego: kerato = córnea e konos =cone), e isso leva a uma alteração da qualidade da visão, com presença de astigmatismo irregular e miopia. Como consequência destas alterações na córnea, o paciente apresenta distúrbios visuais, que são variáveis de acordo com o grau da doença, mas que raramente levam a cegueira.
O desenvolvimento do ceratocone está associado a uma “fragilidade” ou perda da rigidez da córnea, com afinamento e protrusão da região central ou paracentral. Geralmente, os pacientes começam a se queixar de dificuldade na visão na fase da adolescência, com tendência a progressão até 30 ou 35 anos, onde ocorre uma estabilização natural da doença. É uma doença bilateral (ou seja, acomete ambos os olhos), porém em muitos casos a apresentação é assimétrica, e apenas um dos olhos é acometido inicialmente, ou um dos olhos é mais acometido que o outro.
O principal sintoma é o embaçamento e distorção da visão. Em geral, ocorrem miopia e astigmatismo irregular, que tendem a aumentar e levam os pacientes a trocar de óculos com certa frequência. Em um dado momento, a irregularidade da córnea causa uma dificuldade na visão que não pode ser corrigida com óculos, e o paciente precisará eventualmente da correção com lentes de contato. O ceratocone não apresenta sinais inflamatórios, os olhos não ficam vermelhos e não há dor. É muito comum encontrar pacientes com coceira nos olhos e ceratocone, pois o ato contínuo de coçar os olhos produz um enfraquecimento da córnea, favorecendo o desenvolvimento do ceratocone. Portanto, uma das principais informações sobre o ceratocone é a importância de não coçar ou esfregar os olhos.
Estima-se que para cada 2000 pessoas, 1 tenha ceratocone, ou seja a incidência seria de 0,5%. Mas acredita-se que o número seja muito maior, pois muitas pessoas acabam não sendo atendidas por oftalmologistas, e o diagnóstico não é feito.
Portanto a cidade do Rio de Janeiro tendo uma população de 6.320.446 de habitantes teria cerca de 31.602 pessoas com ceratocone. A zona oeste do Rio de Janeiro tendo uma população de 2.616.728 habitantes teria 13.083 pessoas com ceratocone.
O tratamento é feito de acordo com o estágio do ceratocone, com o grau de irregularidade existente na córnea e com características gerais de cada paciente. A orientação do paciente e da família são aspectos fundamentais do tratamento. O tratamento da alergia ocular é fundamental, bem como o entendimento do risco do ato de coçar os olhos.
Na fase inicial, a prescrição de óculos pode ser suficiente para proporcionar ao paciente uma melhora na visão. Em fases mais avançadas, devido à irregularidade, os óculos não são mais eficientes. Nessa fase, a adaptação de lentes de contato especiais é capaz de promover boa visão. Ao contrário do que se pensava, o uso de lentes de contato não serve para impedir a progressão do ceratocone. E vale ainda ressaltar que o uso de lente de contato de forma indevida, com má adaptação pode contribuir para a piora do ceratocone. Por isso, a adaptação e a prescrição de lentes de contato devem ser realizadas e acompanhadas por oftalmologistas, e não deveriam ser realizadas em ópticas.
Quando as lentes de contato não são mais suficientes para melhorar a visão, pode-se considerar a realização de cirurgias terapêuticas. Em alguns casos, mesmo que as lentes de contato proporcionem boa visão, a cirurgia deve ser indicada, se houver sinais de evolução da doença, identificados através dos exames (topografia e/ou tomografia de córnea).
Dentre as possibilidades cirúrgicas, destaca-se o implante de anel intra-estromal, popularmente conhecido como Anel de Ferrara. O tratamento com cross-linking serve para aumentar a ligação entre o colágeno do estroma da córnea. Desta forma, a córnea, que nos pacientes com ceratocone tende a se encontrar fragilizada, torna-se mais rígida, e desta forma, permite a estabilização do ceratocone. Outra opção cirúrgica é o protocolo de Atenas. Este protocolo consiste na combinação da ablação de superfície personalizada a laser e cross-linking do colágeno corneano.
Na falha terapêutica destas primeiras modalidades cirúrgicas ou quando o ceratocone já se encontra muito avançado com presença de opacidades e cicatrizes na córnea, a opção é o transplante de córnea. Desta forma, o transplante de córnea é reservado para um grupo pequenos de pacientes, que não foram beneficiados pelos tratamentos anteriores.
- Não coçar os olhos
- Adaptação de lentes de contato sempre com oftalmologistas
- Transplante de córnea reservado para pequeno grupo de pacientes